sexta-feira, 23 de abril de 2010

Análise da canção “A terceira Lâmina” de Zé Ramalho

Por: Wagner Viera Cruz

O poema foi escrito em volta a vários mistérios, o uso de figura de linguagem torna-o rico em paradigmas, entretanto o próprio poema nos aponta caminhos para o seu entendimento.

Analisando a canção, podemos indagar sobre “A Terceira Lâmina”, a que se refere o título, nos permite identificá-la como: “aquela que fere”, “que virá mais tranqüila”, sendo ela “a terceira mensagem que virá como guerra”, mais adiante, pode dizer ainda, que ela também é identificada como “a fera” que o homem pensa, a qual “começa a devorar”, neste caso, a terceira lâmina seria a própria canção, com ela, o cantor fere a consciência daqueles que são opressores e mentirosos ou, por outro lado, com a mesma canção, e de forma suave, ele invade o coração dos ouvintes no que diz respeito a suas desilusões ou infelicidades de tempos passados.

Neste contexto, entendemos que por se tratar de uma melodia harmoniosa e uma bela canção, ela poderá soar tranqüila aos ouvidos dos que a escutam, porém, ao pensar na “fera” ele entende que a sutileza da canção também é uma arma que o consome, talvez por uma vida sedimentar, ou por ser retirante em uma terra estranha. Ele sabe que “os anos irão se passar”, mesmo assim, permanecerá a dura vida, mas, ficará sempre a sensação e o desejo que: mais dia, menos dia, ele possa voltar e sair do poço das suas desilusões, confirmado pela passagem: “na cabeça do homem, aflição e coragem”, revela que ele está perturbado com algo que o proíbe, que lhe castram os sonhos, como a falta de um lar, ou um bom emprego; em contrapartida, ele também tem a coragem de continuar procurando uma maneira para que as coisas possam melhorar a cada ano.

Para concluir, podemos nos referir que na passagem “que teremos no olho, novamente a idéia de sairmos do poço, da garganta do fosso, na voz de um cantador...” nos dá margem a supor que sempre que ele ouvir a canção do tipo, ele ira sofrer, mas também, criar novas expectativas para acreditar que a sua vida irá melhorar.

sábado, 10 de abril de 2010

Toda mulher bonita tem dono

Por Wagner Vieira Cruz




Hoje, ao acessar o Orkut, deparar-me com uma comunidade com o título “toda mulher bonita tem dono”. O que é isto? Por que em pleno século XXI estamos com frases escravistas do século XVIII? Com que direito ou autoridade se escreve tamanha afronta a um ser tão sublime como as mulheres? Elas são dignas de toda consideração e respeito.


Estas palavras tocaram meu coração e não consegui ficar calado perante uma falta de respeito de tamanha magnitude. Entendo que esta comunidade ataca em cheio não só a constituição, a moral e a vida, mas também, a dignidade, ela tem tendência preconceituosa e racista.


Já que o titulo da comunidade é “toda mulher bonita tem dono” subentende-se assim que a mulher é uma escrava. Escravidão, na verdade, seria uma prática social que um ser humano sobrepõe a outro, certa autoridade de direito como se fosse uma propriedade.


Neste caso, a mulher, por ser bonita é uma propriedade? A beleza agora é critério para bem material? De posse? Certo que não. Por isso condeno esta comunidade. Deveríamos reivindicar sim, o direito de resposta contra seu(s) idealizador(es), por este ato falho. Que essas pessoas retratem-se, já que vivemos em um mundo de justiça e igualdade.


Práticas como esta delatam que deste os primórdios da civilização o homem não evoluiu cognitivamente. O homem moderno ainda tem os olhos fechados para cometer um gesto tão profano e leviano. Jamais concordarei que mulher nenhuma tenha dono, como se fossem objetos, iguais aos tempos em que “homens brancos” subtraiam pessoas felizes de seus lares, de seus familiares e trancafiavam-nos em senzalas fétidas como animais - Mesmos que tais homens fossem tratados como pessoas – Somente o fato de serem ceifados de suas vidas é um ato de desumanidade e crueldade.


No Brasil a Lei Áurea (1888) aboliu toda espécie de escravidão, mesmo assim muitos donos de engenhos recusaram-se a aceita-la e a escravidão passou a ser combatida pelos abolicionistas, sendo extinta de fato anos depois.


Para agravar o problema, infelizmente, existiam e ainda existem mulheres conformadas, que necessitam de dono, de um marido (senhor do lar) para viverem. Aceitam passivamente a submissão a ponto de participarem de comunidades depreciadoras de sua própria imagem, sentem-se bem quando seus companheiros agem como predadores e “marcam seu território” inibindo-as de toda e qualquer forma de crescimento. Quantas vezes não vimos maridos trancafiarem “suas esposas” sem deixa-las sair até para visitar seus familiares? Quem nunca viu homens proibirem suas “suas mulheres” de estudar e trabalhar fora, alegando que: “mulher minha devem servir apenas aos trabalhos domésticos”, como se fossem aias de “casa grande?” Elas ficam inertes, apenas aceitam a sua vida, caem no modismo que transformou o casamento em uma união patriarcal, uma vez que deveria ser recíproca e com laços afetivos de ambos.


Hoje, a Constituição Federal (1988) nos dá direitos de liberdade, nos permite tratamento igual para sexo, raça, e credo e tantos outros direitos coletivos e individuais, entretanto, o pensamento escravista, pelo que parece, persiste na mente dos insensatos.


As pessoas deveriam buscar conhecimentos históricos para assim crescerem espiritualmente, ela, a história, transforma pessoas, modificam mentes e direciona o homem para descobertas de novos ideais, mesmo assim, ainda existem os insensíveis, os conservadores, os que vêm somente o absurdo, pessoas sem flexibilidade para enxergar o óbvio, as mulheres são as donas do mundo moderno, a cada dia seus espaços estão sendo mais abertos e suas conquistas são mais valiosas.


A verdade é tanta que as mulheres que outrora não sabiam ler e escrever hoje são poetas de alta qualidade, doutoras, advogadas, elas que não davam opiniões nas questões do lar, hoje são chefes de estados. O que mais querem que elas provem?


Voltando a comunidade do Orkut, o que vem a ser uma mulher bonita? E mulher feia? Mais uma vez há um preconceito com as mulheres, mas como saber se a mulher é feia ou bonita? Uma vez que aquela que não encanta seus olhos poderá facilmente encantar os olhos de outra pessoa. Para uns, o sinônimo de beleza está na aparência, mas isso está completamente errado, pois, não existe mulher feia o que há de fato são pessoas preconceituosas que vêm defeito em tudo, mentes deturpadas por uma sociedade injusta. Na realidade existem pessoas (homens e mulheres) descuidadas, pessoas maltratadas pelo tempo ou por excesso de trabalho. Mulheres feias aos olhos de quem as vêm, pode ser, mas infinitamente belas em sua grandiosidade de “sexo frágil” - que para mim é mais um mito a ser quebrado – elas vêm encantando e convencendo com seu potencial, a mulher é sinônimo de guerreira, de perseverança, de conquista e tantos outros adjetivos possíveis.


A ciência descobriu muitas formas de se manter a aparência, academias, maquiagens, roupas, enfim, um amontoado de artefatos capazes de promover a aparência não só das mulheres, mas também, de homens para que os tornem mais apresentáveis, e aí? Elas que antes eram feias agora são bonitas, por outro lado, encontramos “nerds” promovendo preconceito em comunidades “babacas” para depreciar as mulheres classificando-as como feias e bonitas: para tais, peço-lhe que busquem aprimorar seus conhecimentos, abram suas mentes e transformem suas comunidades em algo mais proveitosos, dignos de colaboradores.


Por isso precisamos combater este “mal” que paira ainda sobre nossos horizontes, precisamos retaliar pensamentos infames de comunidades vis, urge conscientizar nossos jovens para práticas de comportamentos mais harmoniosos, promover a fraternidade para que este “vício” que foi a escravidão e este preconceito, instigado por comunidade de Orkut, seja de uma vez por toda exterminada do nosso dia-a-dia, devemos valorizar a pessoa humana, respeitar mulheres e homens, só assim, poderemos evoluir como seres humanos.