terça-feira, 1 de junho de 2010

Características do Romantismo

MOISES, Massaud. A Literatura Portuguesa. 31ª ed. São Paulo. Cultrix, 2001.

Por Wagner Vieira Cruz

CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO (Páginas: 115 a 120)

O Romantismo foi um movimento não apenas literal, mas também, uma manifestação que atingiu a vida das pessoas em todos os aspectos do conhecimento modificando inclusive sua forma de viver.

O vocábulo “romântico” de origem francesa da forma romanique foi usado em “1694 num texto do Abade Nicaise (“que dites-vous, monsieur, de ces pastoreaux , ne sontits pás bien nomantiques?”) (p.115), posteriormente absorvida pelo idioma inglês e alemão, passando a palavra para romantik e romantish.

O romantismo é caracterizado pelo seu contorno irregular e movediço, pela mudança radical da literatura afetando, com isso, várias ramificações de outras ciências, atingindo “(...) a filosofia, as artes, as ciências, as religiões, a moral, a política, os costumes, as relações sociais e familiares, etc.”(p.116).

Abre-se um leque de considerável transformação, diminui o poder das oligarquias em favor das monarquias constitucionais ou das repúblicas federadas, a aristocracia de sangue sede lugar a burguesia da pirâmide social, prevalecendo a fórmula burguesa de viver e pensar, dentre elas a profissionalização do escritor, uma vez que ele passou a escrever para um público maior e diversificado possibilitando um relacionamento também novo, pois, agora o escritor seria remunerado por sua obra que era consumida por este novo público, a classe-média.

Os românticos transformaram a estrutura da literatura “(...) repudiando os clássicos, ou melhor, os neoclássicos... revoltam-se contra as regras, os modelos, as normas, bate-se pela total liberdade na criação artística, e defendem a mistura e a “impureza” dos gêneros literários” (p.116). Houve uma inversão como: a ordem clássica pela aventura; cosmo, como sinônimo de equilíbrio ao caos ou anarquia, eles substituem a visão macroscópica dos clássicos centrada na arte e na vida pela microscópica centrada no “eu”, considerando-se como centro do universo; “(...) o romântico autocontempla-se narcisisticamente, e faz-se espetáculo de si próprio” (p. 116), em outras palavras, o romântico tem uma individualidade tão exagerada que chega a ponto de não perceber “(...) objetos ou sentimentos alheios senão como reflexo e prolongamento” (p.117) de si mesmo.

Este comportamento traduz para os românticos atitudes feminina no aspecto sentimental que prevalece sobre o culto da razão, altera ainda outros aspectos como: razão pela emoção; racionalismo pelo sentimentalismo; especulação pela fantasia.

Destarte, o romântico volta-se tanto para seu interior que seu sentimento torna-se vago, contraditório, desequilibrado, paradoxo, anárquico, com características de instabilidade levando-o ao cultivo de atitudes feminóides e adolecentes, inserido em um mundo melancólico e triste conduzindo-o ao tédio e com isso ele se depara com duas possíveis saídas: o refúgio pelo suicídio ou pela natureza, a pátria, terras exóticas, a História.

Tal fato torna-se tão banal a ponto de no final do século XIX fazer-se uma campanha para dirimir tantos suicídios causados pela revolução romântica.

“O escapismo romântico na direção da natureza corresponde ao anseio de encontrar nela uma confidente passiva e fiel e um consolo nas horas amargas (...) a Natureza torna-se individualizada, personificada, mas só atua como reflexo do “eu”, alterando-se de conformidade com as mudanças nele operadas”. (p. 118)

Em nítidas palavras, os românticos não vêm à natureza como pano de fundo, eles retratam também suas emoções, ou seja, caso o eu esteja bem, a natureza também está, neste caso ela seria como um prolongamento do seu “eu”.

Outra forma de escapismo é a Pátria, em que o romântico sente-se capaz de amá-la com o papel de civilizar como se fosse o redentor do povo a quem ama-os como irmãos, instaura a democracia acreditando ser o ideal como guia do povo. Por fim, “(...) visiona o despontar de uma luz, sob o signo da Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. (p. 118).

O romântico re-descobrindo a Idade Média:

“Viajar, conhecer terras e povos estranhos, paisagens exóticas, ruínas, restos de velhas civilizações, monumentos de povos desaparecidos. (...) Buscar o pitoresco, a cor local, o primitivo autêntico com o contato direto, povos e outras culturas”. (p. 119)

Em suma, este movimento introduziu na história da humanidade tantos conhecimentos com a quebra de tantas regras, com o seu desequilíbrio, individualismo, egocentrismo, escapismo, entre tantas outras características que se torna o feito de maior relevância para o desenvolvimento do homem nos dias atuais.